Heilsa!
Eu sempre gostei da ideia de manter um registro das seções de jogo de meu grupo. De forma resumida ou detalhada, já mantive arquivos imensos no PC para este fim. Poucas vezes eu os utilizei e, a bem da verdade, ninguém deve tê-los visto além de mim. Com exceção de um...
Nos idos de 2005, eu narrei uma divertida campanha do RPG “Vikings: Guerreiros do Norte” e, como de costume, registrei os caminhos dos personagens nesse novo cenário. Desta vez, porem, eu decidi mandar o tal registro para os escritores, eles eram brasileiros afinal de contas! Muito tempo se passou até que um deles, o Cuty, devolveu a resposta e eu nem estava esperando-a, o que me deixou satisfeito na época, já que o mesmo mostrou-se grato pelo envio e trocamos mais algum contato breve.
Nesse período ele me sugeriu a criação de um blog para registrar os eventos da campanha, mas ela já havia terminado e eu estava mais ligado em outras coisas. A ideia acabou sendo deixada de lado. Parecia que eu mesmo havia acompanhado o fato do cenário ter interrompido seu desenvolvimento e quão grande foi minha surpresa ao saber que os guerreiros do norte estavam de volta! E melhor ainda, com o projeto das Sagas Nórdicas, promovendo uma verdadeira campanha viva e interativa. Eu não pude ficar de fora.
Tendo restabelecido contato com o Cuty, a ideia do blog voltou a me assombrar e foi por isso que decidi cria-lo. Aqui eu postarei tanto relatos de campanhas quanto qualquer material inédito que venha a ser criado através delas, sejam áreas, pdm's e qualquer outra sugestão. Ainda não tenho certeza se irei limitar o material ao cenário supracitado, mas é provável que não.
O nome, Aliança de Yggdrasil, vem de um antigo projeto que eu criei com alguns amigos e que não foi pra frente. Ele vem muito a calhar para o objetivo proposto e não me deixa preso à uma só temática. Afinal... Yggdrasil é a árvore dos mundos, estejam eles onde estiverem!
Segue um pouco do que é o RPG Vikings: Guerreiros do Norte!
Os livros lançados
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Isto não é uma resenha de um dos livros da linha Vikings. Eu percebi que boa parte das pessoas que tem lido o blog não estão muito familiarizadas com o cenário e por isso decidi fazer este post, explicando um pouco da história e do funcionamento do mesmo.
Vikings: Guerreiros do Norte é um RPG lançado pela Conclave Editora no ano de 2005. Baseado nas Eddas, o que existe de mais fiel a raiz pagã, os autores conseguiram criar um cenário coeso e extremamente verosímil. Ao invés de criarem um mundo onde os mitos nórdicos são reais, teve-se o cuidado de coloca-los inseridos numa realidade que já nos é familiar. Desse modo, nos é apresentado um mapa de Midgard, a terra do meio, exatamente como são a Noruega, Dinamarca e Suécia da nossa Europa. Num primeiro momento eu pensei que isso limitaria os criadores, mas novamente eles me surpreenderam.
Vamos a um pouco da história do cenário. Ele trata desde a criação do mundo, com a união dos rios cósmicos de fogo e gelo, que derramavam-se no Gnnungagap, dando origem as primeiras coisas, como Ymir. Vemos muitas das lendas da Edda poética serem retratadas durante o relato, o que deixa um gostinho de satisfação, já que você mesmo vai pintando detalhes em sua mente, quando conhece um pouco sobre as mesmas. E isso levanta uma questão muito interessante: quais das lendas parte do seu cânone? É evidente que a morte de Balder não ocorreu, mas existem muitas outras, como a ida de Thor à Jothunheim, onde ele vence os três desafios de Utgardaloki, que ainda poderiam acontecer.
Mas não só de histórias contatadas vale-se o livro. Criar algo a partir de lendas é complicado, ainda mais quando estas lendas não seguem nenhuma linearidade. Isso obrigou os autores a fazerem certas adaptações, que caíram muito bem. Não cabe listar todas aqui, mas uma das que me agradou, foi a escolha de colocar Loki como um dos criadores dos homens. Existem certos relatos que falam sobre Odin, Vili e Ve, como criadores dos homens. Noutros, apontam Loki como um deles. Os autores tiveram que decidir qual tomar como verdade, já que no RPG precisamos de algumas certezas.
Depois de tratar de alguns fatos importantes, como a guerra dos Aesires e Vanires e o nascimento dos filhos de Loki, nos é apresentada uma das grandes sacadas do cenário. Odin, o pai de todos, não contente com as contendas cada vez mais frequentes entre as criaturas que habitavam os nove mundos e os mortais, decidiu selar as passagens entre estes mesmos mundos com o poder das runas. Tendo feito isso, o Caolho assegurou o bem estar da humanidade, mas não se Loki pudesse impedir.
Aproveitando-se da ganância e sede de conquista de um mortal, Loki conseguiu descobrir a localização das runas, depois de vencer uma aposta com Odin, e deu ao homem o segredo. Este guerreiro, de nome Sven, buscou por elas na esperança de tornar-se o senhor dos nove mundos e quando conseguiu, percebeu a grande besteira que havia feito. Os ramos de Yggdrasil, a árvore que mantém os mundos em seus devidos lugares, estavam retorcidos de modo que todas aquelas realidades se mesclaram, fazendo novamente com que bestas, gigantes e anões pudessem caminhar por Midgard. E é dez anos depois deste acontecimento que o cenário trabalha.
Mapa de Midgard
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Sobre as raças, nós temos os humanos, que dividem-se em três povos diferentes. Existem mais, claro, porem estes são os de cultura viking: Norske, Svíar e Dane. Os primeiros, habitantes de Norsklund, um pouco mais abrutalhados e sem um governo central. Os Svíar, de Svearheim, são grandes comerciantes e mantém um governo baseado num conselho de grandes jarls, com um deles sendo eleito como comandante em tempos de guerra. E, por fim, os Dane de Danemark que constituem um verdadeiro reino, regido pelo herói Agantyr Volsung.
Os anões carregam muito do que já nos é clássico em termos de RPG. São melhor detalhados no segundo livro da série, “Reinos de Pedra”, onde são apresentados entre várias outras subraças, com melhor detalhamento de sua cultura e sociedade.
Uma das novidades são os Jotunym. Eles não são meio-gigantes, como poderia-se pensar a uma primeira vista, mas sim filhos de gigantes que não atingiram todo o potencial esperado e por isso são exilados de seu lar ancestral em Jotunheim. Local que também foi melhor detalhado no suplemento “Reinos de Pedra”.
Os pequenos Kobolds são envolvidos em mistério. São aparentados com os anões, mas são menores em tamanho e em coragem. Naturalmente gananciosos e sorrateiros, dizem que fizeram parte de algum plano, já esquecido, do deus Loki.
Por fim, temos os Vanyrias, uma raça de seres parecidos com humanos, mas de porte altivo e contemplativo. Eles teriam o sangue dos deuses Vanires correndo em suas veias.
Uma das características mais interessantes de “Vikings: Guerreiros do Norte” é a sua dinâmica. Quando as localidades, seja do primeiro livro ou do segundo, são apresentadas é possível enxergar inúmeros plots que nos ajudam a ver o mundo funcionando de verdade. Não é um cenário estático e isso prova-se com os lançamentos. Antes de “Reinos de Pedra” ser lançado, a Conclave publicou uma aventura intitulada “A Fonte de Mimir”, que serviu como prólogo para as transformações que o cenário sofreu. Em especial, o início da guerra entre anões e jotuns e a tentativa do anti-herói Sven Svenson em redimir-se de seus erros mais uma vez.
Esse dinamismo só tende a crescer agora, com o lançamento do Desafio Vikings: Sagas Nórdicas, onde jogadores de todo o Brasil poderão colaborar com o desenvolvimento do cenário.
Alguns links úteis:
Toca do Cuty: Blog de um dos autores.
Conclave Editora: Óbvio, no caso de alguém desejar adquirir os livros, ou mesmo fazer download de material de apoio.
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