sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Provações


As Cinco Provações representam as fraquezas humanas mais perigosas, capazes de corromper a alma e entregar o fiel à Sombra. As Cinco Provações não aparecem na Litania do Único. Elas foras escritas originalmente por Ivárius, um sacerdote que isolou-se do mundo por volta de 800 DA. Suas reflexões o levaram a conhecer a si mesmo e assim pôde apontar e catalogar tudo aquilo que tornava os homens perigosos para o mundo e para si mesmos. Ele estudou sobre a Era da Vergonha nos raros tomos existentes em sua época e pôde constatar que boa parte do que ele julgava pecaminoso era praticado abertamente pelos Selvagens e pelos homens ainda sem direcionamento na Fé.

Sucumbir às Provações é o primeiro passo rumo à perdição do espírito. É quando o homem abre as portas de seu coração para a corrupção da Sombra Viva. A chave para o entendimento desta falha nos homens está no Desejo. O desejo é relacionado a soberba, ao orgulho, mas é também a marca deixada pelo próprio Criador quando depositou no homem a Centelha Divina. É graças a esse Desejo, que queima e arde, que os homens de Belregard são capazes de feitos incríveis, para o bem ou para o mal. O Desejo, por si só, não é pecado, mas sim as consequências desse desejo sem controle.

O pecado pode possuir uma pessoa, habitando seu corpo e comandando sua vontade. O Eleito Lázarus, que foi o mesmo a oficializar os pecados quando tornou-se a liderança dentro do Tribunal, idealizou cada um dos pecados como uma entidade à serviço da Sombra, chamadas de Ímpios, vindos da Alcova Profana sempre que um homem de fé titubeava em suas crenças e entregava-se a provação. Estando possuído por uma entidade das Provações, a única maneira de estar livre novamente é passando por ritual de exorcismo dirigido por um bispo ou cardeal.

A seguir veremos as Provações e a entidade relacionada a cada uma delas. Uma forte arma dos sacerdotes, para fazer este conceito de pecado ser entendido pela população, vem através dos exemplas, que são verdadeiros exemplos mundanos de como uma pessoa se perder quando sucumbe a uma provação. Sejam reais ou inventados, as histórias de pecadores do passado estão sempre presentes nos sermões.

Como exemplo, seguem duas destas provações:

Gula
O pecado da gula é levado muito a sério dentro do culto de Leoric. O maior presente do Criador para os homens foi seu corpo perfeito, capaz de feitos incríveis desde que bem condicionado. O guloso desdenha do presente de Deus, deformando a criação do Pai quando vivem para comer e não comer para viver. A gula afasta o homem do caminho da retidão, um pecado contra o próprio corpo. Comer em excesso também ofende aqueles que praticam a mendicância, já que devorando com o apetite de muitos, o pecador priva pessoas necessitadas de se alimentarem.

O guloso vive na sujeira, dentro e fora de seu corpo. Ele é acompanhado por um coro perpétuo que segue seus passos, a Orgia das Moscas, como Lázarus chamou. Chafurdando no próprio vício, incapaz de tirar de sua mente a ideia do alimento, da libação, o faminto não se importa com as moscas que rodopiam ao seu redor, banqueteando-se de seus restos e depositando seus ovos da ceia fresca. Novamente esta prática era comumente praticada nos tempos da Era da Vergonha, entre selvagens e hereges. E vale ressaltar, a gula não se limita a comida, mas toda atividade de consumo que seja praticada de forma desmedida e assim deve ser observada também na bebida e nos demais vícios.

É por esta relação aos insetos que a figura relacionada a gula atende pelo nome de Zaalzehub. Lázarus disse que ouviu este nome ao pé do ouvido enquanto refletia sobre os pecados. Quando deu um tapa no rosto, provocado pela irritação de algo pequeno, e pôde conferir que tratava-se de uma mosca gorda e vermelha. O senhor das pestes, Zaalzehub, aguarda aqueles inchados pela própria incapacidade num poço de podridão, à eterna cantoria da Orgia das Moscas.

Ira
A ira é um dos pecados mais perigosos, já que pode facilmente levar a morte. Apesar de sua importância no imaginário popular, como uma sombra que paira sobre todos os homens, a ira é mais comumente vista como uma consequência de outros pecados. Ficamos irados por não conseguirmos aplacar nossos desejos de consumo, seja na luxúria, na gula, na avareza ou na inveja. A ira é como um resultado disso, que pode nos levar ao assassinato e a danação do corpo e da alma.  A ira já foi vista até mesmo no Único. A vergonha o tomou quando viu no que suas primeiras crianças haviam se transformado e, irado, criou os homens para limpar o mundo. Esta é uma ideia que pode preocupar aqueles que passam muito tempo refletindo sobre a existência. Estaria o Criador satisfeito com os rumos da humanidade? Seria ele capaz de propor uma nova limpeza usando filhos ainda mais jovens e preparados?

Ao contrário do que se poderia imaginar, as ordens de cavaleiros de Belregard não se valem da ira em seus combates. Um conhecimento, uma prática, que o próprio Leoric deixou para os homens. Segundo o Puro, aquele que inicia um combate irado está fadado à derrota. Um verdadeiro guerreiro deve deixar sua mente leve antes de um embate, assim ele pode direcionar sua força onde é verdadeiramente preciso. Sentir raiva não é errado, você só não deve deixar-se levar por ela.

Amom é o Ímpio que representa a ira. Uma paródia de cavaleiro. Uma criatura de traços hediondos e desproporcionais. Orelhas pontudas, nariz alongado e cabeça achatada, um corpo de braços e pernas longos, magros, mas poderosos. Monta em seu cavalo tão deformado quanto ele e porta uma lança de ossos. Sempre nu, desdenha das proteções dos homens e é capaz de falar com qualquer pessoa diretamente em sua mente, induzindo pensamentos que motivam a fúria e o ódio, levando o alvo a perder o controle de si mesmo. 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Divulgando

Saudações.

Bom, acho que não preciso dizer que nós, leitores, jogadores e narradores, adoramos um projeto novo. Certo? Pois bem, recentemente reativei um espaço modesto onde planejo fazer adaptações de um cenário extremamente rico e detalhado, para o Asgard RPG, trata-se de Warcraft. Aqueles que tem preconceito por se tratar de um MMORPG, convido a ficar lá por um tempo para constatar que o pensamento é infundado. Estarei junto com o Odin, do Halls of Valhalla, fazendo estas adaptações e mesmo que você não tenha o interesse de jogar, vale uma lida. O conteúdo do cenário é realmente assombroso.

Para os interessados, segue o link: http://tirisfalen.blogspot.com/

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Contos Nórdicos – Volume 01


Contos Nórdicos vol. 1 é uma antologia de contos baseada no universo Viking. Cada conto traz uma história única e inédita envolvendo os povos do norte da Europa, sua cultura e mitologia. Os contos foram escritos por diversos autores diferentes e são independentes entre si. No entanto, todos os contos possuem um mesmo pano de fundo, no qual as lendas e mitos existentes nos Edda – poemas ancestrais que narram as histórias dos deuses e dos heróis nórdicos – são agora realidade.

O interessante do livro é que ele pode facilmente ser lido por pessoas que não estão envolvidas no hobby do RPG, já que contará com uma boa introdução ao cenário e também um glossário completo para que exista todo o entendimento da obra. Em breve haverá uma divulgação oficial por parte da Conclave e assim teremos a confirmação da data de lançamento, mas ao que tudo indica, os drakkares deixarão estes exemplares por aqui antes de novembro!


Lembrando que este não é o release oficial. Alguns contos ainda foram acrescentados na lista durante o processo de edição e posso garantir que a coisa está muito interessante.






 Confira a lista de alguns contos e seus autores!


O Batismo da Lua Cheia 
- Jefferson Neves - 

Calha de Sangue 
- Cristiano Chaves-

O Drakkar da Serpente Marinha 
- Fabrício Camargo - 

Martelos e Foices 
- Fernando Scheffer -

O Relato do Navegador 
- Victor Scanapieco -

A Ruína de Krankheim 
- Fernando Scheffer - 

A Senhora de Hedeby 
- Karla Nogueira -

O Templo dos Francos 
- Cristiano Chaves -

Valor 
- Sandro Gonçalves Viana -




PS – Aos amigos blogueiros, peço um apoio na divulgação do lançamento!

Abraços!

domingo, 31 de julho de 2011

ASGARD RPG na REDSTORE!


Redbox Editora


Frodo: - Saudações amigos! Hoje venho trazer uma ótima notícia.

Como todos sabem, vivemos na "era digital". E a Asgard Legends não poderia ficar de fora desse contexo. Após o gentil convite da equipe da grande Redbox, firmamos uma parceria muito bacana. Na verdade, a RedBox está reunindo diversas editoras de RPG brasileiras, entre elas a Jambô e a Secular Games, para a venda de E-BOOKs na sua Loja Virtual.

Nós da Asgard Legends ficamos lisonjeados com o convite, e temos a honra de colocar o ASGARD RPG - Módulo Básico, em formato PDF, na "prateleira virtual" da Livraria da RedStore. Esperamos em breve poder contribuir com mais títulos para este acervo.

Redstore a loja da Redbox Editora

O E-BOOK ASGARD RPG é uma opção digital para àqueles que querem ter o Módulo Básico em seus celulares, tablets, notebooks e computadores, ou mesmo uma opção mais em conta para aqueles que estão curiosos sobre o sistema.

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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sansão, o Desaparecido





Sansão, o Desaparecido

A chuva me perturba bastante. Posso sentir cada gota encontrando-se contra a aba de meu chapéu e a muito meu sobretudo foi trespassado, deixando meu corpo molhado e trêmulo, devido ao vento que acompanha a torrente. É como sentir sua carne e seus ossos encharcados. Desisti de correr e por isso faço meus passos lentos, fitando o chão mapeado por poças sujas e escuras. É difícil ouvir algo além da água. A rua encontra-se deserta e mesmo com a tempestade eu posso sentir o cheiro odioso que vem do Beco das Palmeiras. Preciso encontrar Carlos, ele certamente poderá me ajudar a encontrar Sansão, já que inúmeras vezes foi meu cúmplice, a muitos anos atrás.

Passo pelos umbrais de um velho beco apinhado de lixo e roupa suja, a pouca cobertura da marquise de algumas varandas de prédios me protegem da água e eu finalmente posso respirar sem sentir tanto a dor do frio penetrante em meus pulmões. Começo a me lembrar como me meti naquela investigação. É certo que esse é o meu trabalho, mas já faz tanto tempo. Como pode se lembrar de mim e, pior ainda, como pode confiar em mim? Sacudo a cabeça, deixando meus sentimentalismos de lado e continuo, agora com mais cuidado. Não tenho ideia do buraco onde Carlos se esconde.

Um monte de lixo, fedorento e molhado, resultado de muitos latões amassados e tombados, começa a se mover. Curioso, atento o olhar e percebo que se trata de um homem imundo deitado e juntando migalhas para sobreviver. Fico pensando se do ponto de vista de Deus, todos nós somos assim. Ele me olha com aquele semblante abatido, alterado pelo álcool e pela pedra. Sua boca está suja e eu prefiro nem mesmo imaginar do que. Não sei quanto tempo perco olhando-o, mas parece ser uma eternidade. Seria Carlos? Faz muito tempo que eu não o vejo, nenhuma carta ou telefonema.

- Ca-Carlos?”, eu pergunto com a voz mais fraca do que podia esperar. Pronunciar o nome dele daquela forma me fez lembrar da minha infância e dos longos anos de terapia. Este serviço está mesmo mexendo comigo, mas agora é tarde pra recuar. O homem caído direcionou os olhos apáticos até os meus e só meneou, sequer entendeu o que eu disse.

No fundo do beco uma porta se abre e uma voz grave, mas ainda familiar, se faz ouvir: “Quem está aí? Eu vou chamar a polícia!”. Olho naquela direção e seguro na parede para não cair quando tento caminhar. Meu peito se aquece e o frio se torna menos incômodo. É ele, meu velho amigo Carlos, tão castigado pela vida quanto eu. Me aproximo com calma, mostrando as mãos livres. “Acalme-se, sou detetive. Você é Carlos, estou certo?”, dito isso, tirei meu chapéu e a cabeça rareando cabelos o fez sorrir. Ainda tem as bochechas sujas, como na época de moleque.

Não acredito nisso!”, ele exclama com um sorriso que mal cabe em seu rosto e antes que eu possa retribuir recebo o abraço forte de um amigo, do tipo que não sinto a muitos anos. E, para piorar, ele continua, dizendo as palavras que me fizeram voltar aos dias em que todos nós vivíamos no mesmo bairro: “Cebolinha, seu cafajeste! Por onde andou todos estes anos?”, ouvir aquele apelido de criança me faz trocar “r” por “l”, mas eu estou feliz. Feliz por estar com meu velho amigo Cascão. Eu sou incapaz de encontrar Sansão sem ajuda dele. E, dessa vez, o Sansão é muito mais valioso. Mônica, a Mônica que não é mais minha, depende de nós para encontrar seu pequeno herdeiro."