Uma antiga lenda do oeste de Belregard
fala sobre o reinado de Dálan, um rei poderoso como um leão. Muitas das vezes
sua imagem é verdadeiramente associada com a do animal, carregando uma
característica nobre e leal. As velhas iluminuras e tapeçarias do reino mostram
a corte do rei Dálan com uma representação selvagem. Os sacerdotes acreditam
que esta seja uma mera forma de comparar os homens aos valores imaginados de
cada animal, mas outros creem que as formas animais eram reais. Dalanor teria
sido uma terra de Selvagens.
Conta a lenda que na corte de Dálan
existiam figuras muito importantes. O próprio rei, encarnado num leão
antropomorfizado, cheio de coragem, honra, lealdade e força. Para aqueles que
consideram essa questão Selvagem uma mera comparação, Dálan é o exemplo daquilo
que um monarca deve ser. Existia também seu conselheiro, Tiecelin, que alguns
pintam a imagem de um corvo e é uma figura que até hoje faz parte do folclore
de Dalanor, como um mensageiro e contador de histórias. O cavaleiro do rei,
Isegrin, era feroz, irresoluto e dedicado, um lobo no campo de batalha. Por fim
havia ainda Uhrol, que era irmão de Isegrin e vivia com ela uma eterna disputa
de força. Novamente, o fato de um urso ser irmão de um lobo corrobora com a
ideia de que isto não passa de uma lenda, já para outros, mais fanáticos, é
sinal de que ambos compartilharam alguma espécie de pacto de sangue.
Na corte de Dálan havia ainda outro
ser de destaque, seu nome era Renart. Pintado nas iluminuras como uma raposa,
as baladas que falam sobre Renart não cansam de repetir o seu gênio inventivo e
sua predisposição a tirar vantagem de todos a sua volta. Seu grande inimigo nas
fábulas era Isegrin, com quem travou inúmeros duelos. Conta-se que, determinada
vez, Renart destruiu a família de Isegrin de um modo pecaminoso e absolutamente
ultrajante. Enfurecido e frustrado, o velho lobo partiu da corte de Dálan,
envergonhado.
Sem o braço forte do cavaleiro o rei,
súdito após súdito abandou o leão em seu castelo. Deprimido, podendo contar
apenas com o apoio de seus entes mais próximos, principalmente seus filhos,
Dálan cantava e festejava dia após dia. Suas crianças faziam questão de lhe
manter entretido, para que não pensasse na solidão e foi assim que o velho rei
morreu, enganando a si mesmo. Os filhos de Dálan deram continuidade ao seu
reino, carregando como maior símbolo aquelas canções que os faziam esquecer os
problemas e foi somente através delas que eles puderam se reerguer.
Quando foram encontrados pelos
belghos, no decorrer de seu avanço contra os belinaren, os “filhos de dálan”,
como se autodenominavam naquele momento, viviam em perfeita harmonia com os
Selvagens e assim o primeiro contato entre os “escolhidos de Deus” e eles, foi
hostil. Foi sorte os dalanos não terem sido exterminados junto dos Belinaren,
mas é provável que alguns homens e mulheres envolvidos no avanço tenham
percebido, com o tempo, que aqueles homens de espírito altivo e voz melodiosa
não eram tão diferentes deles. Novamente os fanáticos apontam sua própria
versão para esta história. Segundo eles, os dalanos tinham sim traços selvagens
quando foram encontrados e só depois da pecaminosa miscigenação com belghos
puros foi que puderam limpar o seu sangue. Não existe um preconceito declarado
contra os dalanos, mas não é difícil se imaginar o pensamento tendencioso entre
aqueles que conhecem estas lendas.
Muito bom. Este tipo de história de preconceitos velados torna esta mitologia ainda mais verossímil.
ResponderExcluirKCTADA CURTI D+ a fábula que da pano de fundo para um sistema social e a cultura de um povo, fora a questão do preconceito que, como Lorde Odin disse deixa tudo concreto.
ResponderExcluirPerfeito!
Agradeço os comentários. Os dalanos acabaram ficando bem interessantes mesmo. Espero seguir o padrão com as outras etnias.
ResponderExcluir