terça-feira, 15 de março de 2011

O Tempo


O tempo não é apreciado, ou contabilizado, por todos os homens de Belregard. Quando perguntados sobre um determinado evento, e o tempo no qual ocorreu, costumam dar respostas vagas, como “no reinado de Leoric II”. O tempo é suspenso e inexorável, algo que o camponês, e mesmo o nobre, só pode observar de longe enquanto sente o peso da velhice. Eles estão mais habituados a experimentar um tempo breve, um tempo de colheitas, de festas e da queima de velas. O estudo mais minucioso do tempo ficar por conta dos sacerdotes, que tendem a contabiliza-lo e tentam entende-lo. Como os verdadeiros eruditos de Belregard, esta é apenas uma das áreas onde eles atuam com maior afinco.

De um modo geral, um ano é dividido em doze meses e cada mês é ilustrado por uma prática em particular: Malja é o mês das festas, da fartura e da comida; Nukkua é o mês do repouso, em que se mantém no interior da casa, acolhido diante do fogo; Kasvi é o mês em que o trabalho com a terra tem seu reinício; Riemuk é o mais belo mês do ano, o da renovação; Herra é o mês do senhor, que dedica-se à caçadas no campo e ao combate; Ruoka e Rukus são reservados à colheita e à ceifa; Hveit, onde colhe-se o trigo;Vinithra e Kylvo é quando colhe-se a uva e também semeia-se; em Kylma faz-se a provisão da madeira para o inverno e se põe a engordar o porco para ser morto em Sika, junto com os preparativos para as festas de Malja.

Os nomes dos meses carregam uma ligação com esta imagem que se pinta para os mesmos, sendo palavras antigas, dos tempos em que os homens ainda caminhavam em Belghor. Foi o próprio Criador quem lembrou aos seus filhos estas nomenclaturas, já que antes de existir um padrão, os calendários eram extremamente confusos, devido ao fato dos meses serem nomeados como homenagem a algum monarca. A mudança era constante, o que dificultava este controle.

Nos mosteiros a contagem das horas do dia seguem um padrão através do uso de relógios de sol e o consumo de velas ou clepsidras, mas a fragilidade das últimas não é muito apreciada. É comum dizer que “à noite queimam-se três velas”. Entre os camponeses, que seguem suas atividades pela manhã e tarde, não é conveniente o uso de fogo, ao contrário do que se poderia imaginar. Vivendo em casas simples, muitas vezes de madeira com teto de palha, o medo do incêndio sempre assombra o campesinato.

As datas mais importantes dentro do calendário de Belregard são:

O Dia da Ascensão: Ocorre na passagem de Sika para Malja, dando início a um novo ano. As festividades duram vários dias, normalmente arrastando-se pela primeira semana do ano. Festas são acompanhadas de procissões religiosas, lembrando os grandes feitos que trouxeram a luz aos homens.

A Vitória Sobre os Selvagens: Comemorado ao longo do ano, em pequenas festividades que lembram a derrota dos Belinaren e Dwerthären contra o avanço humano. É um feriado “flutuante”, que muitos monarcas realizam para ganhar o prestígio de seus súditos com um dia de comemorações. Em épocas especialmente críticas, ocorrem comemorações de vitória em todo mês.

A Divina Encarnação: Comemorado no dia 08 de Kasvi, é um feriado “universal” em Belregard. Não é raro que dure mais de um dia, apesar de não se estender como o Dia da Ascensão. Lembra-se da presença do Único e tem um cunho mais religioso, contando com o jejum dos devotos e prática de litanias. É o momento para pagar promessas e criar novas metas.

O Deicídio: Independente do ramo da fé que siga, todo devoto do Único celebra o momento da morte de Deus. É simbolicamente comemorado no dia 08 de Kylma e o dia da morte, exata, do Criador é um segredo guardado pela igreja de Alec. Parece que é um fato ignorado para os outros seguimentos da fé e deve carregar alguma importância, para ser ocultado desta maneira.

Carnis Valis: Festival que costuma ter início no fim de Malja e segue até o início de Nukkua, durando uma semana facilmente. Esta festividade sofreu sérias transformações ao longo dos séculos. Alguns a pontam como uma tradicional celebração herege de culto à carne, mas a igreja do Único a transformou num louvor à vida, onde bebe-se e come-se sem barreiras, exacerbando o que é básico para sobrevivência de todos os homens.

3 comentários:

  1. Excelente!

    Um cenário com linha de tempo e acontecimentos importantes torna-se muito mais vivo e verossímil.

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  2. Mais uma materia fodedonica...

    Esta ficando cada vez melhor

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  3. Obrigado pelos comentários, camaradas!

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