segunda-feira, 18 de abril de 2011

Bestiário: Corvus


Os corvos estão inseridos na vida do povo de Belregard de muitas maneiras distintas. Por um lado são aves que carregam o sinal o mal agouro, sempre acompanhadas de más notícias e tragédias. Quando avistam uma revoada de corvos, muitos aldeãos trancam-se em suas casas e iniciam preces ao Criador, na intenção de que aquelas aves negras não permaneça em seus lares. Alguns creem que elas chegam, em determinado ponto, antes dos exércitos em marcha para aguardarem os corpos dos mortos e assim alimentarem-se dos cadáveres. Esta alimentação sempre começa pelos olhos, o que causa uma nova interpretação de duas faces para os observadores.

Em Dalanor é comum que se fale sobre a sabedoria destas aves. Elas veem e ouvem tudo. Quando não viram com seus próprios olhos, podem fazê-lo devorando as orbes de um cadáver. Por outro lado, os mais arraigados na religiosidade afirmam que o fato dos corvos devorarem primeiro os olhos de suas vítimas é um aviso claro do Único para que os homens tenham cuidado com a Sombra, já que ela irá cegá-los para a verdade em um primeiro momento, antes de dar-lhes o golpe final.

Os cultos hereges que surgem em grandes cidades, principalmente em Varning, parecem levar a imagem do corvo em grande consideração. Mesmo aqueles que não dediquem-se a uma adoração direta a essa ave, ou alguma forma antropomorfizada e Selvagem, o corvo age como um juiz, mediador e guardião de segredos. Dentro dos degraus da hierarquia herética, aqueles com maior conhecimento do oculto não contam os segredos do mundo aos pupilos mais jovens, esperando até que eles cresçam o suficiente para serem capazes de receber o conhecimento. Da mesma forma faz o corvo com seus filhotes. A ave não alimenta-os até que suas penas tornem-se absolutamente negras e só então ela possa reconhecê-los como seus filhos.

Sendo um animal extremamente comum da fauna de Belregard, os corvos povoam o imaginário de homens simples e nobres. Seja trazendo o medo da guerra ou a alegria de uma nova história, o grasnar dos corvus é reconhecido nos quatro cantos do continente. 

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