segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Bufão



Uma profissão arriscada, mas muito estimada pelas classes inferiores. O bufão, em teoria, é o homem que deve entreter o rei e sua corte no momento em que lhe for requisitado. A vida de um monarca é monótona e em tempos de paz este ócio pode enlouquecer, portanto um bom bufão é capaz de divertir em toda e qualquer ocasião. Além disso, o bufão tem um segundo papel muito mais importante e perigoso. Através de suas piadas e peripécias, ele critica atitudes da regência e até mesmo alerta o rei de possíveis problemas, complôs e perigos em seu meio. Esta tarefa já rendeu muitas cabeças penduradas em cordas ou rolando o cadafalso do carrasco.

Certas castelanias tem uma forte tradição de bufões e chegam, inclusive, a tornar o cargo hereditário, como é o caso de Dalanor, Desde o que foi feito com Triboulet. Este era um pedinte, um mendigo, que decidiu arriscar a sorte quando um marquês igslavo veio visitar Dalanor a pedido do rei, numa das muitas tentativas de fazer a pais entre as castelanias. O futuro bufão tentou esmolar com o marquês, mas o irritou tanto que recebeu uma represália severa e foi agredido na praça interna do castelo, sempre aberta ao povo pela manhã, os gritos e súplicas de Triboulet foram tão altos que o próprio rei ouviu e impediu sua morte. Quando foi explicar o que ocorreu, sujo e ferido, o bufão não deixou de lado seu bom humor e o relatou seu infortúnio de forma cômica, ressaltando as próprias falhas e isso divertiu o monarca, que o convidou à corte naquele mesmo dia.

Virka também costuma manter alguns bufões em sua corte, já que o reino não tem mais muito do que se vangloriar, vale apenas o deleite do divertimento chulo de bobo. No norte, em Igslav, Viha e Rastov, o costume segue de forma tímida, com os bufões não fazendo muito além de entreter os convidados com piadas e malabarismos. O leste segue o mesmo padrão, apesar de Braden não encorajá-los, já que o constante estado de guerra deixa pouco tempo para frivolidades.

Os bufões podem vir de qualquer lugar, das castas mais pobres às mais ricas. Alguns nobres podem sentir-se ofendidos com a oferta, mas outros abraçariam com alegria a chance de viver na corte a serviço do rei. Alguns bufões, ao longo da história, foram de vital importância para seus monarcas, agindo como espiões dissimulados conseguindo todo tipo de informação útil. Velhos militares aposentados por invalidez puderam servir como conselheiros extras para seus líderes, mas a história não é feliz para todos. Alguns monarcas não apreciam esta influência que um bufão pode exercer na corte e assim os limitam a meros bobos e o medo de que um homem sagaz adentre nessa rede de informação é tanta, que estes mesmos monarcas temerosos só escolhem os deficientes. Aleijados, corcundas, anões e portadores de alguma deficiência mental. Estes homens, e mulheres, são submetidos a humilhações desumanas para divertir a nobreza.

Por sorte, estas histórias podem mudar. Como foi o caso de Paolo, o Bufão de Iago I, ex-monarca de Varning. Nascido como um anão de pernas atrofiadas, Paolo não tivera muita sorte em sua vida campesinas, acabou sendo levado a presença de Iago com o objetivo de diverti-lo com seu modo de andar. Assim o fez, por longos anos, levando golpes na nuca e na costela, dados pelos guardas antes de adentrar no salão, de modo que caminhasse ainda mais desengonçado. O tempo passou, Paolo soube a quem dar as informações certas e hoje é castelão de Varning, abaixo apenas do próprio monarca que o trata com respeito e um pouco de receio.

Independente de como for tratado, o bufão faz parte da sociedade e não são poucos os homens que vestem-se como estes nos dias de Carnis Vallis, a fim de levar um pouco de caos para os seus. A dicotomia presente nestas figuras já fez fomentar todo o tipo de história mundana e macabra, como a do Bando Arlequim, uma hoste de mortos que vaga pelo mundo dos vivos em determinadas épocas do ano, desfilando toda a sorte de punição e castigo para os pecadores, sempre ao ritmo do bobo que caminha frente a eles, dançando, cantando, rindo e matando. Mas esta é uma outra história.

2 comentários:

  1. Muito interessante este pergaminho tratando dos bufões, mostrando usa importância e que eles são muito mais do que bobos da corte. Mas o que mais me despertou curiosidade aqui foi na verdade o bando Arlequim...

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  2. Opa! Mais informações sobre o Bando Arlequim estarão por aqui em breve.

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