Uma profissão
arriscada, mas muito estimada pelas classes inferiores. O bufão, em
teoria, é o homem que deve entreter o rei e sua corte no momento em
que lhe for requisitado. A vida de um monarca é monótona e em
tempos de paz este ócio pode enlouquecer, portanto um bom bufão é
capaz de divertir em toda e qualquer ocasião. Além disso, o bufão
tem um segundo papel muito mais importante e perigoso. Através de
suas piadas e peripécias, ele critica atitudes da regência e até
mesmo alerta o rei de possíveis problemas, complôs e perigos em seu
meio. Esta tarefa já rendeu muitas cabeças penduradas em cordas ou
rolando o cadafalso do carrasco.
Certas castelanias tem
uma forte tradição de bufões e chegam, inclusive, a tornar o cargo
hereditário, como é o caso de Dalanor, Desde o que foi feito com
Triboulet. Este era um pedinte, um mendigo, que decidiu arriscar a
sorte quando um marquês igslavo veio visitar Dalanor a pedido do
rei, numa das muitas tentativas de fazer a pais entre as castelanias.
O futuro bufão tentou esmolar com o marquês, mas o irritou tanto
que recebeu uma represália severa e foi agredido na praça interna
do castelo, sempre aberta ao povo pela manhã, os gritos e súplicas
de Triboulet foram tão altos que o próprio rei ouviu e impediu sua
morte. Quando foi explicar o que ocorreu, sujo e ferido, o bufão não
deixou de lado seu bom humor e o relatou seu infortúnio de forma
cômica, ressaltando as próprias falhas e isso divertiu o monarca,
que o convidou à corte naquele mesmo dia.
Virka também costuma
manter alguns bufões em sua corte, já que o reino não tem mais
muito do que se vangloriar, vale apenas o deleite do divertimento
chulo de bobo. No norte, em Igslav, Viha e Rastov, o costume segue de
forma tímida, com os bufões não fazendo muito além de entreter os
convidados com piadas e malabarismos. O leste segue o mesmo padrão,
apesar de Braden não encorajá-los, já que o constante estado de
guerra deixa pouco tempo para frivolidades.
Os bufões podem vir de
qualquer lugar, das castas mais pobres às mais ricas. Alguns nobres
podem sentir-se ofendidos com a oferta, mas outros abraçariam com
alegria a chance de viver na corte a serviço do rei. Alguns bufões,
ao longo da história, foram de vital importância para seus
monarcas, agindo como espiões dissimulados conseguindo todo tipo de
informação útil. Velhos militares aposentados por invalidez
puderam servir como conselheiros extras para seus líderes, mas a
história não é feliz para todos. Alguns monarcas não apreciam
esta influência que um bufão pode exercer na corte e assim os
limitam a meros bobos e o medo de que um homem sagaz adentre nessa
rede de informação é tanta, que estes mesmos monarcas temerosos só
escolhem os deficientes. Aleijados, corcundas, anões e portadores de
alguma deficiência mental. Estes homens, e mulheres, são submetidos
a humilhações desumanas para divertir a nobreza.
Por sorte, estas
histórias podem mudar. Como foi o caso de Paolo, o Bufão de Iago I,
ex-monarca de Varning. Nascido como um anão de pernas atrofiadas,
Paolo não tivera muita sorte em sua vida campesinas, acabou sendo
levado a presença de Iago com o objetivo de diverti-lo com seu modo
de andar. Assim o fez, por longos anos, levando golpes na nuca e na
costela, dados pelos guardas antes de adentrar no salão, de modo que
caminhasse ainda mais desengonçado. O tempo passou, Paolo soube a
quem dar as informações certas e hoje é castelão de Varning,
abaixo apenas do próprio monarca que o trata com respeito e um pouco
de receio.
Independente de como
for tratado, o bufão faz parte da sociedade e não são poucos os
homens que vestem-se como estes nos dias de Carnis Vallis, a fim de
levar um pouco de caos para os seus. A dicotomia presente nestas
figuras já fez fomentar todo o tipo de história mundana e macabra,
como a do Bando Arlequim, uma hoste de mortos que vaga pelo mundo dos
vivos em determinadas épocas do ano, desfilando toda a sorte de
punição e castigo para os pecadores, sempre ao ritmo do bobo que
caminha frente a eles, dançando, cantando, rindo e matando. Mas esta
é uma outra história.
Muito interessante este pergaminho tratando dos bufões, mostrando usa importância e que eles são muito mais do que bobos da corte. Mas o que mais me despertou curiosidade aqui foi na verdade o bando Arlequim...
ResponderExcluirOpa! Mais informações sobre o Bando Arlequim estarão por aqui em breve.
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