Na superfície Gundersheim jamais levantou qualquer suspeita. A floresta de Hjölmaren, composta por árvores de folhas caducas, sempre foi visitada por grupos de caça, em especial no outono, e esta situação só mudou com a abertura das Runas. Agora, uma estranha neblina circunda toda a área e mantém os curiosos bem longe, a floresta tornou-se um lugar sombrio e evitado. Ao longo de seu terreno, que não é perfeitamente plano, é possível encontrar algumas colinas de declive suave e outras um pouco mais pronunciado. As entradas para cavernas costumam ser difíceis de se encontrar, mas elas existem. Antes da presença dos trolls estar confirmada na área, muitos exploradores surpreenderam-se com a forma como estas entradas eram descobertas, dando a entender que algo, ou alguém, havia tentado realmente escondê-las. Grande parte das cavernas são habitadas por animais nativos, como ursos, matilhas de lobos e até mesmo pelas Proles de Fenrir, em número cada vez maior.
No interior de algumas destas entradas existem passagens realmente secretas, feitas e protegidas por pequenos grupos de trolls batedores. Passados estes corredores, e câmaras menores, chega-se aos salões comunais dos trolls. Estes salões podem ser formados por uma ou mais câmaras amplas e dezenas de menores, com corredores ligando-as umas as outras. Esta rede de túneis estende-se por todo o subterrâneo de Hjölmaren, mas chega a alcançar Sigtuma, Birka e, até mesmo, Bransson.
A aparência geral destes corredores conta com a presença quase constante de grossas raízes que vem de cima, das árvores que compõe a floresta. Como dito anteriormente, com a abertura das Runas, algumas áreas foram completamente modificadas. Alguns salões foram devorados por deslizamentos e desmoronamentos de terra. Dificilmente existe alguma iluminação em Gundersheim, dado o fato dos trolls enxergarem muito bem no escuro e sofrerem muito pouco com o frio. Apesar disso, os salões centrais são bem iluminados, devido à grande chance de receber um visitante de fora, seja ele convidado ou não, os trolls sempre ficam felizes com um curioso presente.
O clima de Gundersheim assemelhasse muito com o de Svearheim. A única grande diferença é que, depois da abertura das Runas, toda a área da floresta é um pouco mais fria que o comum. Esta mudança é a principal culpada pela constante bruma que cerca todo o perímetro de Hjölmaren, o que inclui o lago de mesmo nome ao sul. O que causa esta neblina é a presença de uma regalia dos deuses.
Regalia esta que não é do conhecimento de todos. Apenas os mais velhos e sábios dentre os trolls, fêmeas em sua maioria, tem conhecimento deste verdadeiro artefato vivo. Conta-se que no momento da abertura das runas, uma criatura antiga, aprisionada nos confins da terra, acabou por ser liberta. Tratava-se um filho perdido de Járnviðja, um irmão bastardo de Sköl e Hati, chamado Ancadör. Este não é uma prole de Fenrir, mas sim de um gigante de gelo exilado de Jotunheim. Como Járnviðja tinha uma tendência a parir filhotes na forma de lobos, Ancadör foi uma paródia viva de meio-gigante e meio-lobo. Era capaz de andar sobre duas patas, mas nunca perfeitamente ereto. Sofria de dores lancinastes em suas juntas atrofiaras e isso deixava-o irritado a todo o momento. Quando libertou-se de sua prisão, onde foi colocado pela própria mãe, tamanha era sua vergonha, a besta correu pelos corredores e salões de Gundersheim, matando a tudo e a todos. Para a maioria dos trolls, Ancadör está morto.
Foi feita uma armadilha para jogá-lo em um precipício aparentemente sem fim, também aberto no momento da junção das runas. Menos de uma semana depois de sua queda, todo o buraco e sua beirada estavam congelados. É essa fonte de frio perpétuo que causa a neblina em toda a floresta. No interior do dito fosso, dorme Ancadör. O corpo ferido da besta vive em um estado de hibernação induzido por alguns sacerdotes trolls. Sob a liderança de Askella, estes trolls planejam preparar o corpo castigado do bastardo de Járnviðja, para usá-lo contra os povos de Midgard.
Os trolls costumam ignorar a contagem do tempo e das estações. É difícil predizer quanto tempo um troll tem de vida, dado o fato de alguns terem séculos e outros definharem com poucos anos. É certo que as condições de vida e alimentação favorecem para que esta longevidade seja confirmada ou refutada. Como não existe um governo central, ninguém pode garantir que os recursos sejam divididos igualmente. A maior parte dos alimentos vem de saques, caça e plantio. Tubérculos são muito comuns, assim como a carne de alguns animais nativos da floresta.
Como dito antes, os trolls não seguem um governo central. Numa olhada superficial, poder-se-ia coloca-los como anarquistas sem controle, mas isso não é toda a verdade. Os trolls têm grande respeito pelos mais velhos, admirando aqueles que conseguem atingir a idade avançada, em detrimento das condições as quais estão submetidos. Mais do que isso, as fêmeas tem um papel fundamental dentro da sociedade e os pequenos ajuntamentos familiares espalhados pelo subterrâneo costumam ser chefiados pelas mesmas.
O sacerdócio é comum entre as fêmeas e existem algumas divindades que são mais comumente seguidas. Como uma homenagem e respeito à Járnviðja, os três deuses mais importantes para os trolls são Sköl, Hati e Fenrir. Enquanto o pai dos lobos apresenta toda a bestialidade de sua natureza divina, Hati encarna o papel de protetor. É o lobo que persegue a carruagem de Mani e assim o faz tomar os céus para trazer a segurança da noite. Sköl é um deus guerreiro, cultuado pelos machos da espécie, que persegue o sol para dar fim ao maior inimigo dos trolls. Loki também tem seu espaço dentro dos devotos, assim como Hel e alguns deuses gigantes.
O maior diferencial entre os habitantes de Gunderheim são os Conjuradores Rúnicos. Askella foi a primeira a aprender a interpretar e utilizar deste poder. Depois de aprisionar alguns pretensos exploradores da modificada Hjölmaren, a vil criatura torturou-os até tirar todo o segredo. Dizem que um destes homens, Vigo Steinson, está até hoje aprisionado nas câmaras de Askella. Um pequeno grupo foi escolhido para conhecer o segredo das runas e pouco a pouco esta atividade tem tornado-se mais comum.
Dentre os trolls, com suas sub-raças, existe certa hierarquia natural a se seguir. Como mostrado anteriormente, as fêmeas tem grande importância na sociedade e estranhamente este papel fica a cargo dos trolls “puros” (chamados Gunder). Abaixo destes estão os midtrolls (chamados Gundernäg), maiores em tamanho e menores na inteligência. Os gundernägs são a espinha dorsal da sociedade, sendo os responsáveis pela maior parte dos serviços braçais mais práticos e imediatos. Compõem grupos de patrulha entre os corredores e os salões comunais onde todos se reúnem para suas orgias e libações.
Menos comuns são os trollgialdi (chamados Gundergialdi). Nem todas as cavernas são capazes de conter um grande número destes seres enormes e seu apetite causa mais problemas do que os outros trolls gostariam de admitir. Aos poucos tem-se tentado coordenar os locais para estes monstros, o que acaba por resumir-se num aprisionamento dos mesmos. Correntes e viseiras, alimentação constante, tudo para mantê-los sob controle. O gasto e o trabalho não agrada a maioria dos outros habitantes de Gundersheim, que preferiria viver longe de qualquer regra ou ordem, e este tem sido um dos maiores desafios para Askella e seus asseclas. A maior parte deles vive isolada nas cavernas que dão acesso ao reino, de modo que sirvam como proteção.
Para saber mais sobre Gundersheim leia os posts, que seguem esta mesma tag, ao fim desta postagem. Ou clique aqui.
Fizeste um impressionate relato sobre a natureza de Gundersheim. Meus parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Odin. Em breve farei uma descrição melhor das raças também e, na sequência, os principais salões de Gunderheim. Sinto o terror quando eu tiver de começar a mexer com as regras, sou péssimo nisso.
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